JUÍZO FINAL
Se o homem soubesse amar não elevaria a voz nunca, jamais discutiria, jamais faria sofrer. Mas ele ainda não aprendeu nada. Dir-se-ia que cada amor é o primeiro e que os amorosos dos nossos dias são tão ingênuos, inexperientes, ineptos, como Adão e Eva. Ninguém, absolutamente, sabe amar. D. Juan havia de ser tão cândido como um namoradinho de subúrbio. Amigos, o amor é um eterno recomeçar. Cada novo amor é como se fosse o primeiro e o último. E é por isso que o homem há de sofrer sempre até o fim do mundo - porque sempre há de amar errado.
[Nelson Rodrigues, excerto de "Morrer Com o Ser Amado" (1968)]
Li esse texto na visita que fiz ao Museu da Língua Portuguesa. Logo me chamou a atenção e parei para refletir sobre cada pensamento. Realmente, o ser humano não sabe amar. O amor é tão ingênuo e puro como uma criança; sentimento sublime, e inexplicável em palavras, mas transparente nas atitudes. O que quero aqui salientar é o fato de que o falar não traduz nem diz o que o amor é. O amor NÃO é um eterno recomeçar, porque simplesmente não tem começo nem fim. O que chamamos de começo do amor, na verdade é a consciência desse sentimento que sempre existiu em nós mesmos. Só se ama uma vez porque a vida é única. A procura do primeiro, único, verdadeiro ou último amor é loucura. O amor está nas nossas atitudes de bondade, cuidado, respeito e confiança para com todas as pessoas e para com nós mesmos. Qualquer coisa diferente disso, é ilusão. É não saber amar.
Autora: Andréa Barbosa
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